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Como voltar a se relacionar depois de um trauma sexual

Para quem viveu uma situação de assédio sexual, voltar a relacionar-se pode ser intimidante. O Badoo conversou com Laura Ramírez Vergara, terapeuta parceira da plataforma de suporte online a sobreviventes de trauma Bloom, para obter conselhos sobre como retomar a vida amorosa e abrir-se para novas relações após a experiência. Primeiramente, é importante respeitar seu tempo e não se apressar caso você não sinta que está pronto ou pronta. No entanto, se você estiver em um momento em que tem vontade de começar a sair com outras pessoas novamente, leia as dicas e conselhos dela.

1. Vá no seu tempo e seja gentil consigo

“Voltar a relacionar-se deve ser uma decisão sua”, diz Ramírez Vergara. “Quem passou por um trauma sexual pode levar algum tempo até entender e processar o que aconteceu. Dê a si o prazo necessário para conseguir lidar com emoções difíceis como o medo, a raiva, a vergonha, a culpa, ou qualquer outra sensação que possa surgir”, afirma.

Quando você decidir retornar ao universo dos relacionamentos, lembre-se de observar o que é primordial para você. “O autocuidado deve ser uma prioridade”, diz Ramírez Vergara. “É muito importante respeitar seu tempo e se conectar consigo e com suas necessidades. Lembre-se que o autocuidado pode ter significados variados em diferentes estágios da vida. Busque descobrir o que faz você se sentir bem, em segurança, e em plena conexão com si.”

2. Recupere sua autoconsciência e aprenda a confiar em si

Antes de poder se conectar com outra pessoa, é fundamental que você consiga se conectar consigo. “Ter sofrido um trauma significa que às vezes você pode se desconectar de si, de suas emoções e de seu corpo”, explica Ramírez Vergara. É importante recuperar a autoconsciência de como você está se sentindo e como essas emoções se refletem no seu corpo para processá-las corretamente. “Procure entender o que ajuda você a se reconectar, como exercícios físicos, ioga, trabalhos artísticos ou qualquer coisa que ajude a criar um espaço seguro para vivenciar seus sentimentos e sentir seu corpo”, diz ela.

3. Identifique seus gatilhos e crie um plano de ação

Segundo Ramírez Vergara, se você aprender a identificar o que desencadeia a ansiedade e o medo, poderá aprender a lidar com eles de maneira eficiente. “As principais reações a gatilhos são lutar, fugir, congelar e bajular. É importante refletir sobre como eles podem aparecer nas relações e criar estratégias para lidar com isso”, afirma.

Ramírez Vergara também aponta que é importante ter em mente que você nem sempre conseguirá se preparar para os gatilhos, já que os relacionamentos e a vida, em geral, podem ser imprevisíveis. Alguns gatilhos podem ocorrer inesperadamente, mas ter um plano caso algo aconteça pode lhe dar uma sensação de controle.

4. Tenha uma rede de apoio

Ao começar a relacionar-se novamente, você pode experimentar emoções conflitantes, como euforia e pânico. É por isso que Ramírez Vergara diz: “É importante cercar-se de pessoas que deem apoio e validem seus sentimentos. Trabalhar com terapeutas também pode ser bastante benéfico na sua jornada de cura.”

5. Identifique o que faz você se sentir em segurança e comunique seus limites desde o início

Conversar bastante com sua conexão antes de decidir se encontrar pode ajudar a saber mais sobre a outra pessoa e sobre quão à vontade você se sente. Assim que marcarem o encontro, Ramírez Vergara sugere planejar o que vocês farão, definir o horário e combinar com um amigo um código de segurança por mensagem, para você se sentir mais no controle da situação. “Isso pode promover uma sensação de proteção que vai ajudar você a relaxar”, ela diz.

“Não se preocupe você se ainda sentir ansiedade ou medo. É completamente normal”, explica Ramírez Vergara. “Mantenha-se disponível para o que acontecer e faça o que sentir que é certo no momento. Lembre-se de que você pode ir embora a qualquer momento caso se sinta desconfortável.

Quanto aos seus limites, Ramírez Vergara explica que pode ser útil escrevê-los e planejar uma resposta se alguém não os respeitar. “É importante avaliar com antecedência se você está confortável com qualquer tipo de contato físico e conversar sobre seus limites e sobre consentimento. Lembre-se de que você não precisa fazer nada com pressa: as pessoas certas respeitarão suas condições”.

6. Aprenda a identificar quem merece sua confiança

É óbvio que a culpa do comportamento nocivo de outras pessoas nunca deve recair sobre a vítima, mas Ramírez Vergara sugere ouvir sua intuição quando se trata de confiar em alguém. “Observe se essa pessoa ouve o que você diz, se respeita seus limites e se suas ações correspondem ao que ela diz de forma consistente”, ela sugere.

7. Decida se você quer falar sobre o que aconteceu

“Você não tem obrigação de contar sua história a ninguém. Cabe a você decidir se quer falar sobre seu traumas sexuais, e como e quando fazer isso”, diz Ramírez Vergara. A plataforma Bloom oferece cursos gratuitos, incluindo um sobre “como contar a alguém sobre o assédio”, que fornece um roteiro para você ter essa conversa.

Por fim, lembre-se de que não importa o que você tenha sofrido, você é digno de amor, cuidado e respeito. A cura acontece em relações e conexões com pessoas que reconhecem e valorizam seus sentimentos.



Se você ou alguém que você conhece precisa de apoio, o Badoo, em parceria com a Chayn, oferece cursos que dão suporte a sobreviventes de assédio sexual e relacionamentos abusivos, e que ajudam em sua jornada de cura por meio da plataforma online Bloom. Você pode acessar os cursos autoguiados gratuitos e os bate-papos individuais com especialistas em violência de gênero da Bloom aqui.

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