Entrevistamos Vitor Santos, Especialista em Linguagem Corporal, Investigador Profissional e criador do canal Metaforando, para descobrir como a linguagem corporal pode revelar o que estamos sentindo, mesmo em um encontro virtual.
(o vídeo está disponível na versão completa do artigo)
Você acredita que um encontro digital pode ser parecido com um encontro na vida real? Quais são as principais diferenças e semelhanças?
Creio que sim, eles se parecem no quesito “interação interpessoal”, essa interação estará sendo a distância mas ainda consiste em trocar informações, e experienciar momentos com potencial de gerar registros emocionais na memória.
Ambas as interações, presencial ou virtual são similares no sentido de poder proporcionar um momento único. Muitas vezes tudo que queremos é apenas conhecer mais sobre a outra pessoa, saber seus gostos, costumes, rotina e tudo isso é facilmente transmitido numa conversa boca a boca ou por mensagens de texto ou ainda por uma transmissão de vídeo.
Claro que têm suas diferenças, eu julgo que a mais chamativa é a quantidade de informações sensoriais que conseguimos captar conversando com uma pessoa ao vivo.
Temos vários registro naquele momento que podem nos causar um impacto emocional muito mais forte na memória, como por exemplo: o cheiro daquela pessoa, seu perfume ou de algo característico no local que vocês estão conversando.
Os sons daquele ambiente, uma música de fundo, ou ainda o toque daquela pessoa a temperatura de sua pele quando vocês se encostam, tudo isso gera uma gama maior de informações que infelizmente não pode ser transmitida a distância.
Mas o ponto mais interessante é que, diferentemente da interação ao vivo, uma interação a distância pode ser feita em qualquer momento e independente da distância que as pessoas estejam.
Quais devem ser os passos antes de um encontro digital? Como devemos nos preparar para ele?
Visual, Angulo da camera, iluminação, cenário, pode usar para transmitir algo sobre você.
Relaxar.
Assim como num encontro presencial a pessoa pode ficar ansiosa, então talvez beber algo, escutar uma música ou conversar com algum amigo ou amiga sobre o encontro pode ajudar a relaxar.
Pensando em química e sensações como borboletas no estômago - elas ainda podem ser sentidas em um encontro digital?
Sim. Informações mais íntimas ou conversas mais profundas e maduras podem eliciar respostas emocionais mais intensas nos participantes do encontro virtual.
Descobertas de gostos similares, interesses em comum, ou simplesmente ouvir a voz da outra pessoa, pode eliciar respostas psicofisiológicas como borboletas no estômago ou o famoso “arrepio”.
Tudo depende da conexão que as pessoas conseguiram construir durante o bate papo online, isso será fundamental para que elas tenham mais expectativas de se relacionar fazendo com que as “borboletas no estômago” ocorram.
As pessoas seguem as mesmas regras dos namoros cara a cara em um namoro online?
Os relacionamentos se modernizaram muito, então você tem uma vasta gama deopções de formas de demonstrar seu afeto online.
Desde mensagens de voz, até mesmo mandar fotos, ou fazer transmissões ao vivo.
Hoje em dia muitos casais que precisam se relacionar a distância (seja por trabalho ou por outros motivos) tentam manter a rotina afetiva por meio do contato online, tanto que vez ou outra algumas dessas formas de se expressar afetivamente para a pessoa que você gosta (como uma foto por exemplo) pode acabar vazando na internet e gerando uma situações mais complicadas.
Com base no que você viu nos encontros online, quais comportamentos você acha que seriam aconselháveis desencorajar durante um namoro virtual e quais você gostaria de ver mais?
Algo que geralmente não é positivo em nenhuma relação (profissional ou pessoal), é a falta de compreensão com o outro, ou seja, a falta de empatia, se você não é capaz de se colocar no lugar do outro, dificilmente você conseguirá ter momentos positivos com ele pois não irá entender realmente o que ele está sentindo.
Observei que em algumas situações os participantes se incomodaram com aspectos técnicos dos encontros virtuauis como delay, volume baixo do fone de ouvido, dentre outras coisas, e isso muitas vezes não é culpa de ninguém ali no encontro.
Seria interessante tentar entender que erros assim podem ocorrer durante a interação virtual mas que isso é normal e não culpa de ninguém, invés de ficar chateado ou incomodado com a outra pessoa (e já criar uma tensão desnecessária na relação).
Algo que eu acho que poderia ser mais praticado nos encontros virtuais seria a transmissão de mais informações, invés de apenas ficar conversando.
De repente os dois assistirem filmes juntos, ou séries, ou ouvirem músicas e comentarem, interagirem sobre o que estão fazendo, essa é uma boa opção para criar uma experiência mais intensa, mesmo a distância.
Você acredita que os encontros virtuais podem se tornar um primeiro passo ou servirem como filtros para a jornada de namoro?
Acho que podem sim se tornar uma tendência para o “primeiro passo” nas relações que iremos (ou não) estabelecer com outras pessoas.
Como um namoro geralmente é uma relação social com maior intensidade de afetividade (geralmente), e com uma troca de sensações mais vívidas (o cheiro da pessoa, o toque dela, o tato), não sei dizer se apenas encontros virtuais seriam capazes de suprir a necessidade humana de experiências presenciais (associados as impressões sensoriais que usamos para memorizar melhor as coisas), creio que para isso acontecer deveria ocorrer uma grande mudança cultural na forma como os encontros virtuais são percebidos.
Do seu ponto de vista, como você acha que ter um “primeiro passo virtual” pode beneficiar o nosso novo normal?
Como tudo indica que iremos ter um menor fluxo de encontros presenciais, pelo menos num futuro breve, ter a opção de fazer uma espécie de “triagem” ou “filtro inicial” para decidir se você irá mesmo correr o “risco” de se encontrar pessoalmente com alguém, pode vir a ser uma ótima opção, pelo menos até a situação normalizar no quesito “encontros presenciais”.
Considerando a nossa situação atual, você imagina que vamos nos tornar muito mais exigentes quando se trata de marcar um encontro na vida real? Quais mudanças em relacionamentos você prevê para o futuro?
Creio que a tendência é que acabaremos ficando mais seletivos para os motivos que nos farão sair de casa, especialmente quando se tratar de sair para conhecer alguém novo.
Além de todas as incertezas já envolvidas em “conhecer uma pessoa estranha”, temos também toda a pressão do contexto atual que estamos vivendo, e o fato de estar praticamente estabelecido que “sair de casa” não é recomendado.
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